Boa noite, Mafalda. Gostei do tema proposto porque a necessidade de proceder a uma consulta de enfermagem antes da consulta médica é um tema de discussão em diversos serviços de saúde, e este estudo pode contribuir para esclarecer essa discussão. Abaixo envio alguns comentários que poderemos rever em conjunto:
- O título poderia fazer uma referência mais específica ao que se vai mensurar (conhecimentos, prevenção, controlo de factores de risco cardiovascular) – talvez adicionar um subtítulo
- O estudo parece-me interessante porque o imediatamente após o primeiro SCA os doentes estão particularmente susceptíveis e receptivos a aconselhamento e à mudança de estilos de vida com vista ao controlo dos factores de risco cardiovascular
- Apesar de o ter referido em cima, é importante ter em conta que um primeiro episódio de SCA tem um grande impacto emocional no doente, que per se pode levar a grande mudança nos estilos de vida, e portanto pode ser difícil discernir o efeito adicional de uma consulta de enfermagem já que no grupo de controlo haverá tb muitos doentes a mudar significativamente os comportamentos
- Se a intervenção prevista para a consulta de enfermagem fosse feita antes da alta hospitalar, talvez o seu impacto na mudança de comportamentos fosse maior; Por outro lado era possível avaliar o seu impacto em dois momentos no tempo, i.e. aos 2 meses (onde se poderia aplicar o questionário e depois fazer nova consulta de enfermagem para reforçar a intervenção) e aos 12 meses
- Acho que era importante acrescentar alguns detalhes relativamente ao conteúdo da consulta e ao questionário, no fundo aos dados que se pretendem obter: estamos a falar de conhecimentos gerais acerca de factores de risco cardiovascular? Conhecimentos específicos acerca dos factores que seria prioritário controlar no seu caso particular? Descrição de mudanças de comportamentos que foram efectuadas nos últimos meses (p.e. entre a alta e os 2 meses, entre os 2 e os 12 meses? E que comportamentos: dieta, actividade física, tabagismo?); Medições objectivas de factores de risco (p.e. TA, hemoglobina glicosilada/glicémia em jejum, níveis de colesterol, peso?)
- “Sem antecedentes cardíacos conhecidos” significa que não podem ter angor estável? E porque não avaliar e comparar o impacto da intervenção nos dois grupos, com e sem angor?
- O questionário será aplicado por quem faz a consulta, no braço experimental? Penso que deveria ser aplicado por uma pessoa diferente, para separar a intervenção da avaliação do resultado. E em que momento será aplicado? Não pode ser logo a seguir à intervenção porque não permite aferir a retenção de conhecimentos a médio e longo prazo
- É importante caracterizar paralelamente a assistência ao nível de cuidados de saúde primários (e outras situações com impacto preventivo) porque pode haver interferência/confundimento relativamente à intervenção em causa